Quando a primeira colher afundou no chantilly, ela pensou: isto é uma armadilha. Como uma cadeira que parece demasiado confortável ou um dia quente em pleno inverno.

Havia qualquer coisa de insidioso na facilidade com que se entregava ao que sabia ser excessivo. Talvez fosse precisamente essa lenta e irreversível entrega que prepara o colapso.”

excerto de “sobre colapso, prazer e outros contos”, Luísa Abreu, 2025

When the first spoon sank into the whipped cream, she thought: This is a trap. Like a chair that seems too comfortable or a hot day in the middle of winter.

There was something insidious about the ease with which she gave in to what she knew was excessive. Perhaps it was precisely this slow and irreversible surrender that paved the way for collapse.

excerpt from “On Collapse, Pleasure and Other Stories”, Luísa Abreu, 2025

Luísa Abreu 

Luísa Abreu (1988, Amarante) vive e trabalha no Porto. O seu trabalho tem colocado ideias sobre jogo e intenções lúdicas no centro da prática artística, relacionando características como sorte, azar e ficção, com o fazer em arte. O seu trabalho individual tem sido apresentado desde 2011, através de exposições individuais e coletivas ou através de residências artísticas. É co-fundadora do PARALAXE — um projeto de criação entre a prática artística e contextos de investigação — onde tem desenvolvido o seu entusiasmo pela edição independente desde 2019. É programadora e artista com o coletivo Rua do Sol, com quem gere o espaço independente Galeria do Sol, no Porto, e membro diretivo do CCOP. O trabalho colaborativo e associativo tem merecido destaque não só pela programação ou direção artística de projetos, mas também pelo trabalho artístico partilhado com outros artistas, como com Gil Ferrão em Tacada Cruzada (Mota Galiza, Porto, 2022); e com Maria Bernardino, com quem trabalha enquanto dupla através de Didático Obscuro desde 2020.

Luísa Abreu (1988, Amarante) lives and works in Porto. Her work has placed ideas about play and playful intentions at the centre of her artistic practice, relating characteristics such as luck, chance and fiction to art-making. Her individual work has been presented since 2011, through solo and group exhibitions or through artistic residencies. She is co-founder of PARALAXE — a creative project combining artistic practice and research contexts — where she has been developing her enthusiasm for independent publishing since 2019. She is a programmer and artist with the Rua do Sol collective, with whom she manages the independent space Galeria do Sol in Porto, and is a board member of CCOP. Her collaborative and associative work has been noteworthy not only for her programming and artistic direction of projects, but also for her artistic work shared with other artists, such as Gil Ferrão in Tacada Cruzada (Mota Galiza, Porto, 2022); and Maria Bernardino, with whom she has been working as a duo through Didático Obscuro since 2020.

Creditos de imagem: Carlos Campos