"Maus Hábitos Não São Bonfim" é o limbo onde a Pedra no Rim explora a fronteira entre o belo e o grotesco, entre a morte e a espuma dos dias, materializado através de objectos em cerâmica, produzidos de modo artesanal e em edições limitadas onde contam as mudanças de uma zona histórica e simbolicamente rica. 

Habitado desde o sex. XIX, maioritariamente por uma classe operária em convívio com uma classe média burguesa, o bairro do Bonfim viu, com a chegada do sec. XXI, o florescer de pequenas infraestruturas criativas e culturais, fruto de uma profícua contaminação de um meio artístico jovem e activo, ao mesmo tempo que chegavam também os slogans de bairro cool, os turistas em massa, a gentrificação e um acelerado processo de desenraizamento dos seus habitantes, persistindo, por enquanto, as bolsas de prostituição e os velhos tascos a caminho do franchising. 

Uma transfiguração pesada e abrangente de um bairro muito seu, dentro do qual encontramos outra (e outras) mais específica e direcionada para a linha traçada pelo crepúsculo e onde a Pedra no Rim apresnta uma instalação com um foco especial em objectos que se revelam na passagem da noite para o dia.

Não é uma vista alegre, é uma viste triste, é um olhar para baixo, um olhar para o chão. 

A Pedra no Rim é um colectivo que surge na urgência de produzir, invocar e fixar memórias iconográficas de mitologias urbanas, históricas e contemporâneas, como resposta ao um processo de rápida transfiguração do bairro onde habitam, apresentando-se pela primeira vez no Maus Hábitos - Espaço de Intervenção Cultural . na inauguração do ciclo "Impacto Social Mínimo".